Liderança feminina avança na mineração, mas participação geral permanece estagnada
A 5ª edição do Relatório de Indicadores da Women in Mining Brasil (WIM Brasil), elaborado em parceria com a EY, mostra que o setor mineral brasileiro avançou na presença feminina em cargos estratégicos, mas ainda enfrenta forte sub-representação de mulheres pretas e pardas e retrocessos em governança de diversidade.
Os dados de 2025 indicam aumento de 3 pontos percentuais na presença de mulheres em posições executivas, que agora representam 25% do total, e avanço para 28% em conselhos administrativos. Na participação geral dentro das empresas, a presença feminina manteve-se estagnada em 22%. As mulheres também responderam por 41% das contratações no ano, com destaque para promoções no setor de mineração acima da média geral.
O relatório foi lançado em 2 de dezembro, em Belo Horizonte, durante evento da WIM Brasil na Amadoria, com participação de representantes de empresas como AngloGold Ashanti, Hochschild Brasil, AtkinsReális e Mineração Taboca.
Sucessão feminina e recorte racial preocupam
A participação de mulheres em programas de desenvolvimento de lideranças caiu de 31% para 18%, interrompendo três anos de crescimento. Apenas 30% das empresas monitoram promoções por raça/cor — e, onde há monitoramento, mulheres pardas (17,9%) e pretas (6,1%) seguem muito abaixo das mulheres brancas (57,5%).
Além disso, 79% das empresas não monitoram sucessão com recorte de gênero e raça.
Queda na confiança nos canais de denúncia
O setor registrou o menor nível de formalização de canais de denúncia desde 2021:
-
84% das empresas afirmam ter um canal confidencial.
-
Foram registradas 122 denúncias de assédio sexual, das quais 76 procedentes (62%).
-
Denúncias gerais caíram 71%, e casos confirmados recuaram 88%, indicando possível subnotificação.
Avanços pontuais e retrocessos estruturais
A participação feminina total permaneceu estagnada em 22%, mas houve avanços em iniciativas de formação, que cresceram de 17 para 31 empresas. No campo STEM, 21% das empresas possuem programas específicos para mulheres.
Em contrapartida:
-
Programas de DEI caíram de 97% (2023) para 88% (2025) entre todas as empresas.
-
Comitês formais de DEI recuaram para 30%.
-
A falta de estruturas de governança atingiu 60%, o pior índice em cinco anos.
-
Apenas 56% das empresas monitoram salários por gênero.
-
Só uma mineradora apontou equidade de gênero como foco central de investimentos sociais.
Sobre a pesquisa
A edição de 2025 reuniu 57 empresas, crescimento de 256% desde 2021. A coleta avaliou maturidade em DEI, representatividade, equidade salarial e iniciativas sociais. O questionário incluiu novos temas, como sucessão racial e mulheres com deficiência.
O post Liderança feminina avança na mineração, mas participação geral permanece estagnada apareceu primeiro em Revista Mineração.
