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Ibram lança modelo de gestão para minerais críticos e estratégicos

Em um momento crítico para a agenda climática global, o Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram) lançou, no Seminário Internacional de Minerais Críticos e Estratégicos 2025, realizado nesta quarta-feira (28), em Brasília (DF), o Green Paper, que propõe redefinir o papel do Brasil na transição energética.

O documento sugere um “modelo brasileiro” para a gestão de minerais críticos e estratégicos (MCE), como lítio, cobalto, terras raras, entre outros, alinhando soberania nacional, justiça climática e desenvolvimento sustentável. Na visão do Ibram, com uma matriz energética limpa e reservas geológicas excelentes, o Brasil surge como protagonista de uma nova diplomacia mineral global.

Segundo Raul Jungmann, diretor-presidente do Ibram, “a transição energética global exige mais do que decisões políticas ambiciosas e metas climáticas bem formuladas — ela demanda uma base material sólida e complexa. Essa base é composta, entre outros, por minerais críticos e estratégicos (MCE), fundamentais para tecnologias de baixo carbono. No contexto da COP30, o Brasil terá a oportunidade de exercer um papel central na definição de uma política global sobre esses recursos”.

Brasil como hub regional

O Green Paper “Os minerais críticos e estratégicos na COP30 – Avançar com uma política para os brasileiros e para o mundo” destaca que o Brasil não pode se limitar a ser apenas um fornecedor de matérias-primas. O país tem potencial para se tornar um hub industrial da transição energética na América do Sul, agregando valor local por meio de cadeias verdes como baterias de lítio, magnetos de terras raras e hidrogênio verde.

Dados revelam que o uso de minerais na matriz elétrica brasileira crescerá 54% até 2034, enquanto a capacidade instalada aumentará 35% — um sinal claro de que a demanda por MCE está intrinsecamente ligada às metas climáticas nacionais, como a redução de 59% a 67% das emissões até 2035.

Raul Jungmann diz que o Green Paper mostra como o Brasil tem papel central na transição energética justa, que será pauta fundamental na COP30: “os minerais são relevantes para o novo panorama climático a se desenhar a partir da conferência da ONU, no Pará, em novembro”.

O diretor de Assuntos Minerários do Ibram, Julio Nery, que liderou o projeto do Green Paper, diz que “o Brasil e o mundo, mais do que nunca, precisarão estabelecer um panorama completo da relação entre clima e minerais críticos e estratégicos, explorando os compromissos nacionais (NDC) de reduzir as emissões de carbono nos diversos países, os caminhos para a neutralidade climática, as oportunidades comerciais e geopolíticas, e o papel das cadeias industriais brasileiras”.

O documento lançado em Brasília sugere, ainda, a criação de zonas de processamento mineral sustentáveis na região, corredores logísticos de baixa emissão e a harmonização de normas ambientais, reforçando a competitividade do Brasil em mercados exigentes, como a União Europeia.

O trabalho foi elaborado pelo Ibram, com apoio técnico da Humana Serviços em Sustentabilidade. A pesquisa teve contribuições de instituições como o Ministério de Minas e Energia (MME), o Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri), o Cenergia/Coppe/UFRJ e o Centro de Tecnologia Mineral (Cetem/MCTI).

Em maio de 2024, o Ibram apresentou um primeiro Green Paper, propondo um conjunto de fundamentos e diretrizes para a construção de políticas públicas de MCEs. Pouco tempo depois, foi apresentada pelo Ibram uma fundamentação técnica para a elaboração de políticas públicas, que serviu de subsídio para o projeto de lei nº 2780/2024, proposto pelo deputado federal Zé Silva (Solidariedade-MG) à Câmara dos Deputados, sendo relatado pelo deputado Arnaldo Jardim (Cidadania-SP).

Baixe o documento Green Paper (clique aqui).

 

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